segunda-feira, 11 de agosto de 2008

enough

Pronto, foi-se a fase musical e metafórica.
Vou postar essas perguntas que fizeram pro Gabeira; lí e gostei.

O senhor já fumou maconha? O que tem a dizer a respeito das drogas?
Gabeira – Já. As drogas sempre existiram na história da humanidade, seja para reduzir a dor, aumentar o prazer ou ampliar a consciência. Mas elas se tornaram agora um grande problema mundial, por serem a principal atividade de grupos criminosos que mobilizam, segundo cálculos extra-oficiais, US$ 500 bilhões.

A liberação do uso de drogas, nos mesmos moldes do que acontece com o álcool, diminuiria a violência causada pelo tráfico?
Gabeira – Potencialmente, sim. A experiência da liberação do álcool, depois da Lei Seca, contribuiu para reduzir a violência nos Estados Unidos. No entanto, para que seja bem-sucedida, uma experiência de liberação pressupõe polícia bem equipada e capaz e instituições sociais capazes de abordar, rapidamente, conseqüências indesejadas e, às vezes, imprevistas.

O filme Tropa de Elite atribui parte da responsabilidade pelo caos do narcotráfico aos usuários. O senhor concorda com isso?
Gabeira – Sim. Se você é contra a compra de produtos de empresas que destroem o meio ambiente ou usam trabalho escravo ou infantil, por que não ser contra a compra de produtos que contribuem com a violência? Essa questão ética foi inicialmente levantada pelos próprios usuários. No caso dos que usam maconha, houve até campanhas para que se plantasse em casa. Lembro que a plantação em casa também é proibida. Acho que parte da responsabilidade deveria ser estendida também aos adeptos da proibição, pois essa política contribui com a violência. Quando não há uma autoridade externa para regular um comércio, os atores tendem a se matar. Se alguém compra 10 quilos de droga e recebe apenas 8, não pode reclamar na polícia. Se alguém quer um ponto-de-venda, não pergunta ao rival se ele tem alvará, mas o mata.

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