quarta-feira, 9 de abril de 2008

Divina Comédia.

Erguendo os braços para o Céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: - «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,

Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
Num turbilhão cruel e delirante…

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?

Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: - «Homens! porque é que nos criastes?!»

(Antero de Quental)

2 comentários:

Sophia Jares disse...

parabéns Gabilour, amei seu blog :)

S disse...

Por isso que eu não gosto de poesia, isso é metafisico demais pra mim, não entendo.