Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos, essa capacidade de rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil e essa coragem para comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza de quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser. E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar, de transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é, e essa visão ampla dos acontecimentos, e essa impressionante e desnecessária presciência, e essa memória anterior de mundos inexistentes, e esse heroísmo estático, e essa pequenina luz indecifrável a que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
(...)Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade de não querer ser príncipe senão do seu reino.
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